A INEPTOCRACIA BRASILEIRA
O falecido intelectual francês Jean d’Ormesson (1925-2017) criou o termo “ineptocracia” não imaginando que estava definindo com clareza um sistema político de administração pública que apropriadamente “fotografou” os últimos governos em nosso país. Governos que vão do município, passando pelos estados e chegando até Brasília. Trata-se de uma síntese perfeita, em pouquíssimas frases, sem sociologuês ou antropologuês, de como alguns políticos deixaram o nosso país para as futuras gerações.
“A ineptocracia – diz – é o sistema de governo no qual os menos preparados para governar são eleitos pelos menos preparados para produzir, e no qual os menos capazes de se auto-sustentar, são agraciados com bens e serviços pagos com os impostos e confiscos sobre o trabalho e riqueza de um número decrescente de produtores. Resumindo, os que nada sabem e pouco produzem, põe no poder os que pouco sabem e nada produzem, para que estes administrem as riquezas, os bens e os serviços confiscados daqueles que algo sabem e algo produzem”.
No Brasil, a ineptocracia substituiu a meritocracia quando, por exemplo, centenas de milhares de CCs ocupam os lugares que deveriam ser do servidor de carreira, concursado e apto pelo concurso público. Acredito que não há outra nação no planeta que tenha tantos apadrinhados em cargos públicos desalojando servidores competentes e preparados para um projeto de vida pessoal e profissional. Nada mais real do que a piada brasileira que narra a exigência para alguém ocupar um cargo importante na administração pública. “O candidato para ser diretor da estatal – qualquer estatal – precisa ter um QI elevado. Sim, um respeitável Quociente de Inteligência? Não, um respeitável padrinho, ou um Quem Indicou.” Alguma dúvida sobre essa tragicômica verdade?
Basta, então, entender o que aconteceu com os nossos fundos estatais de pensão. Foram indicados para dirigi-los militantes partidários e não administradores com conhecimentos do mercado de investimentos futuros e gestão atuarial. E os fundos bilionários aplicaram, ideologicamente, suas reservas em papéis podres gerando prejuízos que estão sendo tapados com descontos salariais de seus segurados. A Operação Greenfield, da Polícia Federal, atesta como a ineptocracia é fulgurante no Brasil.
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