O DILEMA ARGENTINO

No próximo mês de outubro (dia 27), os argentinos deverão escolher o seu presidente.  Maurício Macri vai buscar a reeleição contra seu principal adversário: o velho e safado peronismo que ainda divide a Argentina desde os anos 1940. Os nossos vizinhos convivem por mais de 70 anos com o populismo patrimonialista, criado por Juan Perón e convertido numa seita por sua mulher Eva Perón.

Hector Campora foi eleito presidente da Argentina em 11 de março de 1973, assumiu em 25 de maio e 49 dias depois, em 13 de julho,  renunciou assim como o seu vice Vicente Solano. Perón tinha voltado de um exílio de 17 anos, na Espanha, mas fora proibido de concorrer pelos militares que promoveram a reabertura política. Campora despachava como presidente na residência de Perón.

Campora fora o “poste” de Perón. A renúncia provocou uma nova eleição e o velho ditador, dois meses depois, voltou ao poder, aos 76 anos de idade com sua nova mulher, Isabelita, de vice, com 62% dos votos. Perón faleceu  nove meses depois de ter assumido. Isabelita governou a Argentina por 20 meses, sendo derrubada por um golpe militar.

Agora chegou a vez de Cristina Kirchner que herdou a presidência de seu falecido marido Nestor.  Por duas vezes governou a Argentina e como boa peronista enriqueceu como Nestor. Responde a 11 processos por corrupção, mas por ser senadora tem imunidades como no Brasil.

Cristina Kirchner será candidata a vice-presidente na chapa de seu ex-chefe de gabinete, Alberto Fernandez, em outubro próximo. A dupla venceu as eleições primárias no domingo passado contra Maurício Macri. O comentário nas rodas políticas argentinas é que Fernandez será outro “poste” como foi Campora. No peronismo que continua vivo no país tudo é possível.  É por isso que esse belo país desafoga seu dilema nos tangos.