Encouraçado Butikin dominou as noites de Porto Alegre por quase 40 anos, por Marcello Campos/Jornal do Comércio

 

 

Mais que lugares com fachada em neon, pista de dança, muita música, pouca luz, drinks à mesa e alvará na parede, boates são ambientes de convívio, entretenimento, romance e convergência. É impossível dissociar a vida social desses espaços, cuja configuração se mostra tão sortida quanto sedutora ao abraçar o mesmo espírito hedonista – os embalos de sábado à noite que o digam. Em Porto Alegre não foi diferente nas últimas sete décadas, com um cardápio de pelo menos 500 estabelecimentos que deixaram seu carimbo na história cultural de uma cidade que já sacolejou de segunda a domingo, não raro até a porta da rua mostrar os primeiros raios de sol.

Mesmo quem dorme cedo já ouviu falar: Cotillon, 1001 Noites, Clube da Chave, Piano Drink, Black Horse, Cote D’Azur, Baiúca, Crazy Rabbit, Vila Velha, Barroco, Lajos, Scavi, Wisky a Go-Go, Girasole, La Locomotive, Flowers, Discoate, Looking Glass, Maria Fumaça, Chipp’s, Papagayu’s, Água na Boca, Crocodillo’s, Latmosphere, Theatro Mágico, Le Club, Fascinação, Ovo de Colombo, Taj Mahal, Porto de Elis, Fim de Século, Bere & Ballare, Lifeboy, Cord, Publicitá Café, Bucanero, Ópera Rock, Bunker, Lei Seca, Malibu, Manara, Elo Perdido, Strike, Mea Culpa, Santa Mônica, Roseplace, Dado Bier, La Camorra, Barbazul, Venezza, Doctor Jekyll, Notre Dame. E a síntese de tudo: Encouraçado Butikin.

O empreendimento inaugurado em setembro de 1965 no número 936 da avenida Independência não foi o primeiro, nem o maior. Mas tem vaga reservada como o melhor e mais icônico. Espécie de emblema charmoso de um estilo de vida hoje praticamente extinto na capital gaúcha, o casarão brindou a sociedade com artistas do primeiro time da música brasileira, ditou tendências e consolidou a boemia em black-tie. Também serviu de palco para esquetes teatrais e passarela para desfiles de moda, arte, beldades e colunáveis da burguesia local, em saborosa incoerência com a fonte de inspiração para seu nome – um filme socialista produzido na União Soviética.

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