Escritores franceses: apologistas do nazismo de Hitler e perseguidores de judeus, por Euler de França Belém/Jornal Opção

 

 

Durante a ocupação alemã, entre 1940 e 1944, intelectuais, políticos, artistas e escritores da França tiveram comportamento lamentável. Em Vichy, sob o comando do marechal Petain e de Pierre Laval, os governantes entregaram judeus aos nazistas de Adolf Hitler, mesmo sabendo que seriam assassinados nos campos de extermínio (a história está bem documentada no livro “O Holocausto — Uma Nova História”, de Laurence Rees, 574 páginas, tradução de Luis Reyes Gil).

Certa feita, os assassinos da SS não haviam exigido, mas os dirigentes do país de Flaubert e Proust decidiram entregar até as crianças judias. Escritores, como Louis-Ferdinand Céline (1894-1961), Robert Brasillach e Lucien Rebatet eram antissemitas e escreveram barbaridades. A maioria escapou da pena de morte e alguns ficaram presos por alguns meses. Pierre Drieu La Rochelle preferiu se suicidar para evitar o julgamento. Brasillach foi executado. Céline escapou. Possivelmente, graças ao seu imenso talento, decidiram deixá-lo vivo. Embora notável como prosador, era execrável como ser humano.

No início da depuração, havia um sentimento poderoso de que os colaboracionistas deveriam ser executados, pegar prisão perpétua ou penas longas. Passado o primeiro momento, a maioria escapou. O escritor e crítico François Mauriac notou que, ao contrário dos empresários (exceto, talvez, Louis Renault, cuja fábrica trabalhou com eficiência para os nazistas da Alemanha), os escritores estavam sendo avaliados com “demasiado rigor”.

Albert Camus divergiu de Mauriac, num primeiro momento. Depois, passou a discordar da caça às bruxas — que estava se tornando um ajuste de contas político. O poeta Louis Aragon, mesmo sabendo que André Gide nada tinha a ver com colaboracionismo, decidiu atacá-lo. Motivo: ao contrário do filósofo Jean-Paul Sartre, que quase transformou Stálin num santo ímpio, Gide esteve na União Soviética e criticou o totalitarismo comunista.

O colaboracionismo dos escritores é examinado em vários livros. Três citados neste texto: “Paris Após a Libertação — 1944-1949” (Bertrand, 517 páginas, tradução de José Espadeiro Martins), de Antony Beevor e Artemis Cooper, “Paris: A Festa Continuou — A Vida Cultural Durante a Ocupação Nazista, 1940-4” (Companhia das Letras, 446 páginas, tradução de Celso Nogueira e Rejane Rubino), de Alan Riding, e “La Depuración — 1943-1953” (Tusquets Editores, 547páginas, tradução de Mauro Armiño), de Herbert Lottman (há o clássico “Histoire de la Collaboration”, de Dominique Venner, Éditions Pygmalion, 767 páginas). Limito-me a tratar do caso de alguns escritores, quiçá os mais emblemáticos.

Leia mais em Jornal Opção