Políticos e prisões. Se um político rouba, a culpa não é dele, mas das regras que devem ser devidamente mudadas, por Roberto DaMatta/O Estado de São Paulo

 

 

–Acho que combinam!, disse um menino à sua mãe. Robinho era muito inteligente e levado. Aliás, inteligência e meninice levam a diabruras e desobediências. Robinho era conhecido em casa, na rua e no colégio como um “capeta” – era um menino-diabo. A mãe de quem eu recolhi essa parábola estava farta de ser chamada rotineiramente à escola para resolver a “teimosia” do menino que não obedecia às professoras e não cumpria nenhuma norma.

Forçada pela psicóloga da escola, a mãe teve uma “conversa em particular” com o garoto.

– Robinho, você tem que seguir as ordens da professora…

– Detesto normas!

– Todos seguimos regras, MAS podemos também modificá-las, disse minha amiga.

– Como assim?, falou um Robinho agora interessadíssimo.

– Se você for um político Robinho, você pode mudar as normas. Mas você precisa da escola para virar um político.

Ao ouvir o que para a mãe seria um alívio, o menino começou a chorar.

– Mamãe, por favor, eu não quero ser político… É bom saber que eles podem mudar as regras, mas eu não quero ser político.

Leia mais em O Estado de São Paulo