A situação insólita na Conab: um presidente de fato, outro de direito, por Leonardo Vargas/Veja

 

 

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é uma empresa pública estratégica. Tecnicamente, é responsável por manter estoques de alimentos que são usados para regular o mercado, garantir o suprimento da população e o equilíbrio do setor. Politicamente, é considerada como um braço para atender às correntes mais à esquerda do PT, especialmente de movimentos como o MST. Em razão de sua atividade, também é vista como um poderoso instrumento a ser usado para mitigar a resistência dos grandes empresários do agronegócio em relação ao governo. Pois a Conab vive hoje uma situação insólita. Formalmente, ela tem um presidente aprovado pelo conselho de administração, como determina o estatuto, e em pleno exercício de suas funções. Na prática, quem dá as ordens é outra pessoa. Desde o início de janeiro, a empresa é comandada pelo ex-deputado Edegar Pretto, que fala com diretores, discute projetos e participa de viagens oficiais, embora formalmente ele não possa sequer comprar 1 quilo de açúcar ou pisar na sede da empresa sem uma autorização especial.

O duplo comando da Conab se explica na pressa do Planalto em colocar apaniguados em cargos considerados  sensíveis, sem observar as regras. O atual presidente da estatal, o agrônomo Guilherme Ribeiro, é remanescente do governo anterior. Para trocá-lo, é necessário que o conselho de administração da empresa aprove o nome do substituto, mas não só. O estatuto da companhia estabelece algumas exigências que devem ser observadas pelo postulante ao cargo. Exige, por exemplo, que o candidato tenha pós-graduação em uma área afim ou cinco anos em
cargo de chefia em uma companhia de grande porte. Para evitar o aparelhamento político, a lei das estatais ainda estabelece que o indicado não pode ter exercido funções de direção em partido ou participado de campanhas eleitorais nos últimos três anos.

Leia mais em Veja