“Precisamos de um plano”, diz presidente da CNI sobre crise na indústria, por Larissa Quintino, Carlos Valim/Veja

 

 

Engenheiro e empresário na área de fornecimento de energia, o mineiro Robson Braga de Andrade, 75 anos, se vale de seu posto à frente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para combater uma das mazelas brasileiras: o desmonte do setor fabril nacional. Frente à diminuição da atividade industrial desde a década de 90, fenômeno refletido na participação da indústria no PIB do país, ele defende um empenho maior do governo no assunto, que em sua opinião foi abandonado na gestão de Jair Bolsonaro. “A indústria não quer subsídio, ela quer política e incentivo. Quando falamos em incentivo para a indústria, existem diversas ações além do subsídio que o governo pode realizar”, disse Andrade em entrevista a VEJA. Para ele, apesar das dificuldades, a nomeação do vice-presidente Geraldo Alckmin como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços foi uma medida positiva e pode mudar um cenário, até agora, desalentador. A seguir, os principais trechos da conversa.

O governo do presidente Lula fala muito sobre a necessidade de reindustrialização do país. Por que a indústria perdeu tanto espaço? Desde o final dos anos 1990 os governos não têm planos de longo prazo. Temos discutido a necessidade da retomada de um planejamento que faça a indústria brasileira dar um salto de competitividade, de produtividade, de participação no mercado internacional e nunca conseguimos. O governo de Fernando Henrique Cardoso considerava que a política industrial não era importante, tinha a visão de que se uma indústria morre, vem outra depois. Algo que não ocorre em nenhum lugar do mundo. Nas grandes economias, planos industriais são política de Estado e ultrapassam a gestão de governos. Um exemplo claro disso é a China. Na década de 70, Deng Xiaoping fez um planejamento do país com pilares de desenvolvimento industrial, ciência, tecnologia e economia de mercado. Isso continua até hoje. Enquanto isso, o Brasil veio capengando.

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