Assim fica difícil confiar no capitalismo, por Mario Sabino/Metrópoles

 

 

Você pode não confiar em político. Você pode não confiar em governo. Você pode não confiar na polícia. Mas você tem de confiar em banco. Você tem de confiar em empresa de capital aberto. Confiar não é gostar, veja bem. É apenas reconhecer que, sem banco e sem bolsa de valores, não existe capitalismo. Você também não precisa gostar de capitalismo. Mas é preciso aceitar que, com todas as injustiças que ele proporciona, não se inventou nada de melhor para substituí-lo como gerador de riqueza. Ou você acha que o Guilherme Boulos tem mesmo uma alternativa?

O capitalismo sofre os seus maiores abalos quando bancos e grandes empresas de capital aberto quebram de morte quebrada ou quando bolhas especulatórias explodem. Foi assim em 1929 (Grande Depressão), em 1987 (Black Monday), em 2000 (bolha da internet) e em 2008 (subprimes). Agora, em 2023, estamos vivendo o pânico de que uma crise devastadora ocorra, iniciada pela quebra de dois bancos regionais nos Estados Unidos, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank, em circunstâncias de temperatura e pressão ainda não completamente esclarecidas.

Como bancos regionais nos Estados Unidos são um troço enorme, todo o sistema bancário americano foi contaminado. Apenas na terça-feira, o conjunto de bancos dos Estados Unidos perdeu, em valor de mercado, o equivalente a uma Petrobras e a um Unibanco: 110,9 bilhões de dólares, de acordo com o cálculo da empresa TradeMap.

Não bastasse essa má notícia, o Credit Suisse, caixa-forte europeia, anunciou candidamente que havia identificado “fragilidades materiais” em seus relatórios financeiros dos últimos dois anos e que, portanto, estava revendo os seus números. Em um ano, o banco teve prejuízo de 7,3 bilhões de francos suíços, o maior desde 2008, quando a quebra do americano Lehman Brothers revelou as fragilidades e malandragens do mercado de crédito e arrastou o planeta inteiro para o abismo.

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