Crise do Petróleo em 1973, por Ivan Almeida

 

 

A Crise do Petróleo em 1973 foi um evento significativo que afetou a economia global e teve consequências políticas e sociais em todo o mundo. A crise foi desencadeada por uma série de eventos no Oriente Médio e teve um impacto particularmente significativo nos países ocidentais.

A crise teve origem na Guerra do Yom Kippur, que começou em 6 de outubro de 1973, quando os países árabes, liderados pela Síria e pelo Egito, lançaram um ataque surpresa contra Israel. A guerra resultou em uma escalada da tensão entre os países árabes e Israel, além de ter influenciado o mercado global de petróleo.

Em resposta ao apoio dos Estados Unidos a Israel durante a guerra, os países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderados pela Arábia Saudita, decidiram impor um embargo ao petróleo contra os países ocidentais que apoiavam Israel. Os países da OPEP reduziram a produção de petróleo e interromperam as exportações para os Estados Unidos, Canadá, Japão e vários países europeus.

O embargo resultou em uma escassez repentina de petróleo nos países afetados, levando a um aumento significativo nos preços do petróleo. O preço do barril de petróleo quadruplicou em poucos meses. Além disso, a crise foi agravada pela especulação do mercado de petróleo, com muitos atores financeiros comprando grandes quantidades de petróleo para revendê-lo a preços ainda mais altos.

Os efeitos da crise foram sentidos em todo o mundo. Os países ocidentais enfrentaram uma grave crise energética, com escassez de combustível e longas filas em postos de gasolina. O transporte público foi afetado, e houve restrições de uso de energia em empresas e residências. A inflação aumentou, os custos de produção aumentaram e muitas indústrias foram afetadas.

A crise também teve um impacto político significativo. Os países ocidentais passaram a buscar maneiras de diversificar suas fontes de energia e reduzir a dependência do petróleo do Oriente Médio. Houve um aumento do interesse em fontes de energia alternativas, como energia nuclear e renovável.

A Crise do Petróleo de 1973 marcou uma mudança significativa nas relações geopolíticas e na economia global. Os países produtores de petróleo aumentaram seu poder e influência, enquanto os países consumidores de petróleo tiveram que repensar suas políticas energéticas e se adaptar a um novo cenário de preços mais altos e incertezas no fornecimento de petróleo.

Durante a Crise do Petróleo em 1973, os preços do petróleo tiveram um aumento significativo e rápido. Antes do embargo da OPEP, o preço do petróleo era de cerca de US$ 3 por barril. No entanto, durante a crise, os preços subiram para mais de US$ 12 por barril, chegando a quadruplicar em poucos meses. Foi uma mudança drástica e impactante para a economia global da época.

Comparando com os anos atuais, os preços do petróleo têm variado ao longo do tempo devido a uma série de fatores, como oferta e demanda, política global, desenvolvimento de fontes alternativas de energia e geopolítica. No entanto, é importante ressaltar que a inflação e outros fatores econômicos também influenciam a comparação entre os preços do petróleo de diferentes épocas.

No período entre 2010 e 2021, por exemplo, os preços do petróleo bruto variaram consideravelmente. Em 2014, houve uma queda acentuada nos preços do petróleo, com o preço do barril atingindo cerca de US$ 50. Essa queda foi atribuída a um aumento da produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos e a uma desaceleração da demanda global.

No entanto, nos anos seguintes, os preços começaram a se recuperar gradualmente. Em 2018, o preço do petróleo ultrapassou os US$ 80 por barril devido a fatores como cortes na produção da OPEP e sanções contra produtores importantes, como o Irã e a Venezuela. Posteriormente, em 2020, houve uma queda significativa nos preços do petróleo devido à pandemia da COVID-19 e às restrições globais de mobilidade, com o preço do barril chegando a ficar negativo brevemente.

Desde então, os preços do petróleo têm oscilado em resposta a vários fatores, como a recuperação econômica global, acordos de produção da OPEP e eventos geopolíticos. No entanto, é importante ressaltar que as condições atuais do mercado de petróleo são diferentes daquelas durante a Crise do Petróleo em 1973, e as comparações diretas entre os preços não podem ser feitas sem levar em consideração os diferentes contextos históricos, econômicos e políticos de cada período.

O Brasil enfrentou a Crise do Petróleo de 1973 com uma série de medidas e políticas para mitigar os impactos econômicos e energéticos da crise. Na época, o Brasil ainda não era autossuficiente em petróleo e dependia das importações para atender à sua demanda interna.

Uma das primeiras medidas adotadas pelo governo brasileiro foi a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 1975. Esse programa tinha como objetivo incentivar a produção e o consumo de álcool combustível (etanol) como alternativa ao petróleo. Foram estabelecidas políticas de incentivo à produção de cana-de-açúcar e à instalação de usinas de álcool, além da promoção de carros movidos a álcool.

Outra medida importante foi a criação da Petrobras, em 1953, que se tornou a principal empresa de exploração e produção de petróleo no país. Durante a crise, a Petrobras aumentou seus esforços para aumentar a produção nacional de petróleo e reduzir a dependência das importações. Foram intensificadas as pesquisas e a exploração de campos petrolíferos no Brasil, visando o aumento da produção interna.

Além disso, o governo brasileiro buscou diversificar suas fontes de energia. Foram promovidos investimentos em energia hidrelétrica, gás natural e energia nuclear, como alternativas ao petróleo. O país também intensificou a busca por novas reservas de petróleo em seu território e investiu em tecnologias de extração offshore, como na Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro.

Em termos de política externa, o Brasil buscou fortalecer suas relações com os países produtores de petróleo, especialmente com os países da OPEP. Foram estabelecidos acordos comerciais e diplomáticos para garantir o suprimento de petróleo em meio à crise.

No campo econômico, o governo brasileiro adotou medidas de controle de preços e racionamento de combustíveis para lidar com a escassez e o aumento dos preços do petróleo. Foram estabelecidos limites de consumo e a população foi incentivada a adotar práticas de economia de energia.

No geral, o Brasil enfrentou a Crise do Petróleo de 1973 através de um conjunto de medidas que buscaram diversificar as fontes de energia, aumentar a produção nacional de petróleo e incentivar o consumo de alternativas ao petróleo, como o álcool combustível. Essas medidas ajudaram a mitigar os impactos da crise e contribuíram para a busca da autossuficiência energética do país.

Ivan Almeida – PHD em Eficiência Energética