REFLEXÕES DOLOROSAS

 

 

Para a maioria da classe política brasileira a eleição municipal já é um evento do passado. Prefeitos e vereadores eleitos e reeleitos só pensam na cerimônia de diplomação e na posse logo em seguida. No entanto, quem perdeu acreditando na vitória ainda está sem dormir. A turma realista do PT, por exemplo, sabe e pesquisa os motivos da derrota nacional.

Uma das principais cabeças coroadas do PT, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, com quatro mandatos no seu município, entendeu a derrota do petismo e vai entregar a prefeitura para um bolsonarista, o Dr. Lapena que venceu a petista Eliana Honain. Numa frase diagnosticou o insucesso do PT nas urnas: “A classe média popular votou contra nós no Brasil inteiro”.

É isso mesmo, Edinho Silva.

As classes média e pobre brasileiras cansaram das narrativas hipotéticas da esquerda e do palavreado sem muito sentido para quem pega o ônibus às quatro da manhã ou para quem está no Serasa.

A picanha prometida a partir de janeiro de 2023 ainda não chegou naquelas mesas e o PT continuou com sua pregação dialético-religiosa abraçado com teses que o trabalhador rejeitou de vez nesta eleição.

Edinho Silva, além de prefeito já foi ministro da Comunicação Social de Dilma Rousseff e conhece bem o eleitor povão com carteira de trabalho assinada. A esquerda só venceu onde o Bolsa Família domina o eleitorado, mas em outros milhares de municípios o voto contrário foi um desabafo e tanto. Quem tiver dúvida que pergunte ao operário que teve o seu celular furtado para ser trocado por uma cervejinha ou para a família dele que tem medo de sair de casa com medo da bandidagem que é sua vizinhança.

Edinho Silva não é pessimista, ele quer mudança do cardápio ideológico do PT. O sábio Tancredo Neves já dizia que o pessimista é um otimista bem informado. E serve como uma luva de pelica para Edinho Silva.

VOCABULÁRIO CANSADO

Não está na hora de uma revisão dialética no petismo? “Campo democrático e progressista”, “relação do estado com a sociedade civil”, “povos originários”, “crédito de carbono”, “Sul Global”, “correlação de forças”, “aborto”, “igualdade de gênero”, são apenas palavras “bonitas” na boca da esquerda.

DIREITA ATIVA

Enquanto a esquerda (PT, PSOL, PCdoB, PDT e mais alguns nanicos) se vê sem estoque de novas lideranças, a direita empilha gente jovem com novos vereadores e prefeitos eleitos em busca de mais espaço na política brasileira.

MULHERES DESPONTANDO

Está no acervo da direita mais prefeitas e vereadoras eleitas no dia 27 de outubro. E quem comandou nacionalmente esta operação foram a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. As mulheres da esquerda perderam a disputa eleitoral.

QUALIFICANDO A DIREITA FEMININA

Damares Alves e Michelle Bolsonaro foram atuar em busca de novas lideranças femininas com treinamento em comunidades que antes só conheciam palestras motivacionais, eventos, influencers esquerdistas e shows de artistas patrocinados pela Lei Rouanet.

NO ALVO

A senadora Damares entendeu que a pouca participação de mulheres nas comunidades mais pobres estava nas pautas esquerdistas como aborto e igualdade de gênero. Assuntos acadêmicos que não motivam as mulheres em busca de uma afirmação para ajudarem seus maridos.

O ACERTO

“Começamos a trazer pautas interessantes e do interesse dessas mulheres. Falamos de empreendedorismo feminino, da falta de visibilidade delas nas comunidades quilombolas e marisqueiras” – disse a senadora Damares. E deu certo.

A DIREITA VITORIOSA

Das 10.644 vereadoras que vão às Câmaras Municipais em 2025, 4.923 são de direita (46%), e 3.631, 34%, de partidos à direita no espectro político estabelecido pelo GPS partidário da Folha de S.Paulo. As 2.090 vereadoras de esquerda são 20% das eleitas no País, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).